terça-feira, 31 de janeiro de 2012

tentativas fracassadas de....




Um salto do primeiro andar
De uma janela que se distancia da relva mal tratada de uns escassos
5.58m precisos.
Esse salto apenas resultou uma unha partida e um amasso na relva.
Que raio de tentativa de morte foi esta - pensa a sua fraca massa
cinzenta soterrada naquela coisa que fica acima dos teus ombros que
mais parecem duas estacas com que se estaca os tomates.
Olhas lá para cima e devaneias.
Bem, ou a fita métrica estava errada quando se tirou as devidas medidas para o devido dito cujo ou numa outra possibilidade, seu corpo era demasiado leve. Sentou-se machucando um pouco mais a relva e traçou um novo esquema em direcção ao abismo. E desta vez tinha a certeza que não iria falhar. Era perfeito aquele esquema.
Só tinha um pequeno senão, como e que iria entrar na toca da
velha carrancuda e de nariz empinado do segundo andar. Pôs a sua coisa
cinzenta a funcionar até que... Não, aquela ideia era rocambolesca de
mais. Tinha que ser algo diferente... yes, é isso mesmo. para que bater a
porta quando poso lançar uma corda da minha janela á janela da vizinha, trepar, preparar-me e depois saltar.
E assim foi. Encantada pela maravilhosa ideia que acabara de ter, levantasse com o rabo verde da relva e desata a correr em direcção à garagem em busca do tesouro primitivo. Uma corda e um gancho que sabia perfeitamente onde encontrar. Debaixo da motosserra que seu pai usara para cortar os ramos do velho castanheiro.
Pega à pressa na tralha toda, sobe escadas acima e ao chegar ao ultimo degrau, as suas pernas decidem tramá-la, e uma das suas pernas faz a outra tropeçar, fazendo com que ela bata estrondosamente com o queijo no chão soltando um temido AIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII. Sorte a dela que as escadas daquele prédio foram antigamente almofadadas por uma carpete grossa, permitindo-lhe que nem um dente se soltasse da sua caverna.
Engolindo em seco a dor causada pela queda, levanta as suas pernas traiçoeiras, coloca a mão na maçaneta da porta, entrando numa correria em casa, dirigindo-se ao seu quarto. Abre a janela, colocasse no parapeito e preparasse para lançar a corda… ai que eu já me esquecia de atar o nó no gancho. Ata o gancho com um nó de marinheiro bem preso. O seu pai, era um ser inteligente e aprendera a fazer todos os tipos de nó e quando ela era mais criança ensinara-a por pura brincadeira a fazer nós. Não fosse um dia ela precisar de fazer um nó. Parecer que finalmente teria chegado esse dia. Marinheiro dado no gancho e ca vai disto. Parecia um cowboy a atirar o laço ao toiro e acerca logo a primeira num gancho que ficara por cima da ombreira da janela da velha carrancuda. Trepa corda acima. Espreita e nada da velhota. Ela deve estar na sala com o gato no colo e a fazer croché. É o seu passatempo preferido além de correr atrás de mim com a vassoura em punho.
Amarra bem a corda para não acontecer algum imprevisto. Corda presa, ultimas orações, as despedidas terrestres. Lá vos encontrarei no alto azul.
E atirasse.
Uma leve brisa se fez sentir naquele território.
O sol foi tapado por uma nuvem como parecera que algo se anunciava.
De repente começa a cair água lá do alto.
Maldição.
A corda era curta, não dava para chegar ao chão e ainda por cima bato com a cara na minha própria janela. Maldição.
Ride-vos (de rir) Deuses do Olimpo. Ride da minha fraca sorte. A água que cai sois vós que chorais de tanto rir, não é.
Quando aí for ter vocês vão ver o que vos espera. Sou pior do que o Parvo do Auto da Barca do Inferno que estou a estudar na escola.
Pega novamente nas suas perninhas e faz-se de novo a uma nova tentativa. Sobe ao seu quarto, lança a corda ao toiro, quer dizer, á janela da vizinha e desta vez decide. Vai ser sem corda.
E lá vai ela. Novas orações, novos últimos desejos e novo suspiro e… o que estas a fazer aí minha menina. Saia já daí. Ai se eu te apanho grita a velha carrancuda. Mas saio para onde? Pergunta ela com tom de gozo.
Para dentro de casa, espera que eu te ajudo. Isso querias tu, ataca ela. Anda cá minha menina, que vamos conversar calmamente. Vai tu indo que eu vou lá ter, troça a catraia. E enquanto a velhinha sem cuidados se aproxima, a menina cachopa se atira janela abaixo e num alto suspiro em forma de grito da velhota, a menina exclama. Ora bolas, a corda sempre a estorvar. Sua perna traiçoeira, que tinha feito a outra perna tropeçar, fazendo-a bater com as queixadas no chão que por muita sorte na partiu nenhum dentinho por causa da grossa alcatifa, tinha ficado presa na corda.
A pressa é inimiga da perfeição. E a imperfeição é amiga das criancinhas
Sua massa cinzenta pouco funcional desiste das tentativas.
E parte em busca da lista telefónica para chamar os bombeiros para subirem ao raio da árvore que seu pai se lembrou de cortar os galhos e finalmente conseguirem resgatar o seu peluche atirado pelo seu irmão mais velho, chateado pelo CD dos Iron Maiden que ela se lembrou de fazer de disco voador..

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