Um grito selvagem
Oriundo de eco natural
Vem sendo farejado pela brisa matinal.
Um grilo canta
E esse cantar misturado
Com o grito ecoado
Faz trazer à memória
A andorinha perdida do leito de sua mãe.
O uivo do lobo…
No alto do rochedo
Em direcção à lua de queijo completo
E esburacado tipo roquefort
Faz prever algo
Na noite brilhante.
Luzes produzidas a petróleo
Colhido nas profundezas dos mares
Transportam sombras pelo meio das árvores.
Viajando até à mais alta pedra
Da mais alta montanha agreste
Uma cruz prateada
De gume afeado
Faz desbravar caminho até esse alto.
Relinchar de animais
E o correr das madeiras redondas das caravanas
Levam ás suas costas seres de pele e osso… e ferro…
O cruzamento dos quatro caminhos
Faz dividir as tochas ambulantes
Percorrendo o caminho do corujar das corujas
E do alto o uivo intensifica-se,
Não está perto,
Apenas uiva mais alto.
O perigo aproxima-se…
O cerco,
A cerca,
O cerco em torno da cerca estava montado.
Aquela cerca gigante empedrada
Seria realmente útil
Mas seria grandiosamente forte?!
La no alto, paus de madeira de pontas afiadas
Olham pelos cavernosos ossos do olho humano
E prontos, prontíssimos, a atingir
O ponto mortal do ser de pele e osso… e ferro…
Esperam a ordem da coroa
Ou de quem a coroa ordene que ordene o disparo do pau de madeira…
A tocha luminosa apaga-se.
E apenas a luz vinda do roquefort
Cintila na prata afiada
E na prata envergada na pele e no osso…
Um grito
Um ranger de dentes
E o rio que banha a cerca
Fica manchado de vermelho.
Um ataque felino de corvos
Sobre a pele despojada sobre as águas encarnadas.
Enquanto uns tombam
Outros se reproduzem
E passo a passo
A roda de pau dura com uma bola de pedra
Arromba com a primeira cerca.
Sobre ela, sobre suas pedras
Caem seres de pau afiado na mão.
O uivar do lobo
Imitava o ribombar dos tambores
A iniciar o climax da guerra.
Derrubada a cerca
Em jeito de veneração
As tochas voltaram a acender-se.
O caminho estava livre.
Da caravana com roda redonda de pau
Desde dois pés de ferro
Ajoelhando venerando
A reverenda cabeça dourada cravejada por pérolas.
Seus dedos do fundo do corpo
Tocam a terra firme e húmida do sangue desposto.
Atravessa, iluminado com passos sincronizados,
Primeiro direito
Segundo esquerdo
Primeiro direito
Segundo esquerdo
Esbelta, fluorescente, radiante…
Sobre seu pé
Seu corpo se inclina em perfeita veneração…
De cabeça inclinada
De olhos focalizados na terra árida
Pronto a receber a bênção divinal.
Sobre si
Derrama um pingo de chuva.
Erguendo a cabeça
E à sua frente
A mais linda flor campestre
A flor divina
Sem comentários:
Enviar um comentário