As minhas mãos tremem de medo,
De fuga,
De desejo inculto,
De receio,
De sofreguidão,
Do inesperado,
Do incorrecto,
Da falsidade,
Da caneta que odeia a escrita avermelhada de sangue,
Dos olhos perdidos em horizontes
Na palma da mão cegas pelo gatilho do horror.
As mãos tremem pela falta do toque pélvico
Do corpo feminino,
Do cheiro que não se funde nas unhas
Dos dedos que a esperam alcançar em abraços e beijos.
As mãos tremem
Pela espada escrita em discursos inóspitos e utópicos
De quem aplaude o surrealismo inesquecível
Em ouvidos moucos
De palavras ocas
De acções poucas
De vozes roucas
De gritos loucos
Em paixões de amores proibidos
Em jardins libidos
Em águas híbridas
De ventos abafados
Por fadas em cantos tristes
De fados amados,
Sugados,
Derramados,
Aprisionados
Em forcas visuais de forças lançadas ao pescoço
De osso rochoso
De montanhas conquistadas
Pelo amanha içadas
Pelo ventre de dois seios que amamentam o chorão
De fome e de atenção de amor.
E as mãos tremem
Daqueles que mentem e não sentem
Que se sentam em território
Desavindo da vinda
Do ontem arcado pelo hoje
Preso ao amanha na condição condicional
Do óbvio toque da campainha real
Que a mão trémula
Apenas vagueia pelas linhas curvas
Do que o ser observa
Na longitude da caneta disparada em tiro
Pela tinta que mata e ressuscita
Que beija e enforca
Que ordena e que solta.
E enquanto a mão treme
Desenho ranhuras incrédulas
Em folhas brancas tingindo-as cores inimagináveis
Entre o escuro,
o claro
E o arco-íris,
Vivido pelas retina imaculada ocular
Porque o olho treme tanta quanto a mão
Que escreve
O que o coração ordena á mente
Que lentamente dita o justo,
O errado,
O correcto
E a verdadeira mentira amada
E enquanto o meu olho direito conversa sussurrando ao meu olho direito sobre a cusquice da minha alma o espelho vibra faiscando sorrisos de pulos vivos de alegria
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