quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Suicido violado

Brisa suave e quente
Esta que atravessa sobre o meu rosto
E afaga esta minha tristeza.
Sentimento possesso e possuidor aqui no alto deste telhado
Que permitem meu olhar admirar momentaneamente
O último olhar antes de os encerrar
Do cinema de terror na vida por uma última vez.
O ultimo suspiro que a minha boca ensaia,
Os últimos sons
Profanados pela citadina
Que meus ouvidos escutam.
Recai sobre o meu interior já profanado anteriormente
Por outro ser animal,
Aquele ser animal de duas patas
De origem horrenda
Que se sentiu poderoso e se julgou rei de uma selva humana
E como tal capaz de usar o meu mundo sagrado
Para satisfação dos seus desejos,
Usando,
Abusando,
Gozando,
Como a seu belo prazer o entenderia
A seu belo prazer,
Atacara de garras afiadas silenciando a minha voz delicada
Para que ninguém pudesse ouvir a minha suave voz
Apelando a uma alma transeunte por um singelo socorro.
A seu belo prazer.
Porque no meu desejo
O demonstro agora,
Aqui e agora
Neste milésimo de segundo que cada flash
Horrendo me demonstra de novo
Que os sonhos fogem
Nos meus olhos,
E estes se divagam em lava
Em pólvora seca,
No prazer desmedido horrível de alguém.
Dois meses,
61dias de pura dor física,
Trespassando o meu interior por flechas
Incandescentes de fogo ardente,
Ferros de aço crucificam o meu coração
Que já não bate
E muito menos ordena que me ame…
Amar-me?!
O meu espelho interior já não reflecte
A invocação do meu ser…
Usou o meu interior num monólogo cómico
Do seu corpo
Transformando-me num monólogo trágico
Do meu corpo.
Rasgou a minha roupa interior
A que me protegia do frio humano
E que me aquecia do mundo corajoso.
Rasgou-me o horizonte
Rasgou-me as palavras
Rasgou-me os sonhos
Rasgou-me a vida…
Vossos olhos aí no chão
Pregados a um corpo que tende a ser reflexo
Do vosso cérebro,
Não entendeis a minha ânsia
De viajar num último suspiro,
Numa última visão.
Uma última gota jorrará do alto deste meu céu
E que vos lave vossas memorias…
Não quero que esse chão seja um pedregulho de terramotos
Mas um colchão de penas felpudas
Em que eu me possa deleitar meu corpo já padecido
E possa dormir o sonho dos justos.
E que apos o voo sobre esta paisagem
Que me separa de mim e de vocês,
Me possa aliviar a dor,
Confessando-me perante o horizonte
No purgatório do vento
E que me tragam a divina paz aos meus olhos.
No momento,
Em que o meu corpo
Encontre a eutanásia do asfalto,
Minhas assas me reconfortem num abraço delicado,
A mim mesma,
E que meus olhos se cerrem
Do pano teatral vivido.



 

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