terça-feira, 28 de maio de 2013

Cresceu, a criança e as lembranças ficaram guardadas na caixa de pandora, e que ao mesmo tempo dos tempos se abre a se embebeda daí as recordações existentes no santo gral enlouquecendo as sábias aprendizagens aprendidas à força e ao empurrão da régua que media a distância entre o ser homem de ontem e a criança do saber de hoje


Os montes verdejantes que embelezam as nossas raízes são o sumo néctar que nos infundam as lágrimas de quando pelas vontades das nossas almas nos emanam os suspiros das saudades das nossas infâncias.

Não muito longe das minhas pestanas ergo bem abertos os meus olhos, dilacerando as saudades dos tempos que nas terras frescas dos cheiros a terra húmida dos outonos, dos orvalhos das primaveras e das enxurradas que a banharam e a secura do pó que se emaranharam sobre as minhas pele, alcançam o meu cérebro amadurecendo as lembranças nunca esquecidas, da apanha das batatas e que destas fazia de bolas de futebol com os meus companheiros de infância correndo sobre os campos, ouvindo os mais sábios de cordas afinadas e de cabo da enxada empunhadas ao alto, argumentarem os ajustes de quilos que se estavam a perder, sobre o dorso do nosso corpo, que as giestas de vimes se aperaltavam em nos atingir adocicada com os miminhos de outrora. E nem um ai, as nossas vozes de crianças poderia afirmar as dores que nos arremessavam sobre as nossas peles, porque se de tal acontecesse, o mais certo era um outro ai, era provável nós termos de comer e calar.

A verdade, é que essa terra em que todos nós crianças de ontem e crianças de corpo crescido somos hoje, brincamos sobre o sol e sobre a chuva e sobre o medo das calças estragadas, porque se da pele a rasgávamos, que se lixe, que esta pele se de novo há-de recompor, agora as calças, ai as calças que ou se teriam que ir à senhora doutora costureira remendar e nos obrigar a enfiar tais trajes descompostos durante tempos infinitos. E benditos remendos que nos livrávamos nós, amaldiçoados remendos chorados pelo infortúnio do irmão mais novo ter que trajar, tal como se de capa de doutor universitário o fosse.

- ora senhor doutor, que calças remendadas seu superior irmão lhe ofertou.

- e ainda não viu vossemecê as cuecas.

E que das bolas de trapos, futeboladas jogávamos nós por entre os paralelos ou os asfaltos da nossa rua.

- Ó Manel, chama o Joaquim para vir jogar ao berlinde.

- Ó Joaquimmmmmmmmmmmmmmmmmmm.

Não vamos nós gastar a semanada a fazer telefonemas invisíveis com o telemóvel do comando da televisão a chamar o vizinho do lado. Gritasse, berrasse, ecoasse as infantis cordas graves das gargantas afinadíssimas a chamar o Joaquim e passada um minuto lá vinha ele com o equipamento de futebol (calças de ganga todas rasgadas, as sapatilhas todas esburacadas e a t-shirt que já não era lavada há uma semana) e ainda trazia os berlindes para o intervalo se descansar a jogar os berlindes.

Corremos há tia Júlia, ou há Luz, na esperança de uns rebuçaditos ou um suminho nos calhasse na algibeira. Ou subíamos a rua até casa da avó micas para nos deliciarmos com a cevadinha fresquinha acabadinha de fazer e as bolachinhas. Hum, que delicia.

Nada mais absorve as almas dos pensamentos do que os saudosismos dos descampados terrenos que se amontavam sobre os nossos pés a meio das tardes em que brincávamos sujinhos das limpezas purificadas as nossas roupas e os nossos corpos depois de um dia de escola, o ponto de encontro, a rua, a eira dos vizinhos em que depois do milho ou do feijão desbulhado com o malhão das cantorias das desfolhadas, e dos tremoços, nas sarapilheiras deitados às correntes águas temperando os seus paladares, e as azeitonas colhidas à bragastada, e as uvas colhidas sobre as máquinas das mãos sobre os vinhateiros do calor que o sol se apraz a nos embelezar o moreno dos corpos, e a seguir, á noitinha, as uvas colhidas sobre ou truzes dos tomates se pisava com os cantares alentejanos da boa pinga colhida no ano passado e na sabedoria que do chulé no próxima ano, belas carraspanas apanharíamos.

Essas mesmas carraspanas, que nos orgulhávamos de apanhar com o consentimento dos pais, que nas opas de cavalo cansado ao pequeno-almoço, nos fortalecia as forças, que se de espinafres o popey se ressurgia nas forças, os olhos reviravam sete vezes e os neurónios outras tantas e a inteligência flutuava nos amores de perdição pelas fábulas das salas de aulas, que por entre contas de matemática, de tabuadas e de língua portuguesa e do estudo do meio, as reguadas ou as canas dos canaviais do professor Joaquim, nos ensinavam a matéria de fininho, sendo nós chicos, não tanto nem tão menos espertos, aprendíamos a lição com o respeito e sem uma queixa ao paizinho, não obstante do medo de ainda levarmos una reguada de cinto de couro, ou de fivela, por termos faltado ao respeito, ou por não termos aprendido a lição.

Não obstante de se ter aprendido a lição, as crenças das birras intolerantes não faziam nem chus nem mus, principalmente se na nossa santa indelicada fome desaparecida, nos negávamos a comer a sopa ou a sardinha frita, ou as batatas cozidas que de manjar o alimento nos espantava a fome, e em tamanha indelicadeza de luxuosa e principescamente se negava tal repasto, uma voz de jogral zumbia sobre os ouvidos, noticiando que se não se comesse o que no prato estava, se acabaria por comerá força, e ora que isso não resolvia o caso do súbito aparecimento da fome.

E depois de uma tarde de futeboladas, do jantar de ceboladas, lá vinha mais uns pequenos momentos de brincadeira de rua, com a corrida de arcos, corrida de carros de rolamentos, ou simplesmente jogar à apanhada ou aos cowboys. E quando a Maria, a mãe do Carlos chamava um, era sinal de que a campainha sinalética bocal, para todos regressarem ao lar doce lar de suas casas. Mas sem antes, de compartilhar ainda assim, o pacote de leite que era o nosso néctar divinal dos drinks, com que de adultos a imaginação os tolasse de infantis pensamentos, se emborcavam nas bebedeiras e parvalheiras de andares estranhos e de bolachas a substituírem os tremoços e os pistachos. E eis que se chega à vida infantil chamada de adulto, de barba rija, ou de meia dúzia de pentelhos na fusa, ou então como se costumava dizer nas velhas sábias bocas “tens aí dois pelos na cara que parecem caca (não era precisamente este termo) de galinha” e os jovenzinhos se emborcam de leite de levedura de cerveja engarrafada em latinhas tipo de conserva de líquidos, e na fartazana das diversões com amigos, no meio do paleio e das cartadas jogando playstation de papeis desenhadas com números e símbolos, ou no WII de palavras e de anedotas e de piadas e de contos e discontos. Mas a verdade é que são bêbados acompanhados pelas diversões solenes a que se apraz as vontades das diversões por entre os compinchas companheiros de preservar a amizade. E enquanto se divertem, são chamados de bêbados e de vagabundos. Vagabundos? Só porque se deita às 5h da galinha acordar? E aquele que fica em casa enfaixado em gesso cartonado e em talas de quem braços partiu a jogar ao solitário aventuras de terror de tiros e de pistoleiro contra ninguém, é o que? Um vagabundo solitário? Mundo dos santos que os tempos mudam e os santos ficam presos ao gélido tempo da estética petrificada.

Encontra-se hoje um cheiro a verde do campo sobre as recordações que me saem pelas narinas. Sou eu que dou à natureza as imagens nunca esquecidas, sobre as raízes da terra que calquei no meu crescimento, sobre as cevadas da avó micas compartilhadas com os amigos, e as travessuras nas doçuras das brincadeiras que das sementeiras se colheu os frutos desbulhando o milho e o centeio, encontrando nas desfolhadas das danças dos beijinhos pelos rei do milho se encontrar. E quantos beijos roubamos por entre os montes no meio do poço do cavaleiro em que nos nossos cavalos ilusórios brincávamos no chapinhar das águas limpas e cheirosas a fetos e a natureza, ora essa mesma natureza que fez crescer os metros acima dos meios centímetros pelos arrigares de tronchudas sobre o puxar das orelhas por qualquer traquinice causada aos olhos dos outros, porque das infantilidades brincadeiras aos olhos das crianças nunca são traquinices.

Cresceu, a criança e as lembranças ficaram guardadas na caixa de pandora, e que ao mesmo tempo dos tempos se abre a se embebeda daí as recordações existentes no santo gral enlouquecendo as sábias aprendizagens aprendidas à força e ao empurrão da régua que media a distância entre o ser homem de ontem e a criança do saber de hoje

 

 

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