quinta-feira, 30 de maio de 2013

a única mulher que ele amou... e traiu


O fervilhar do sangue lhe atravessa o gélido corpo arremessado sobre o carro pela arma apontado sobre a fronte, das malditas palavras assaltadas nos ínfimos momentos de quem acaba por magoar o coração da mulher.
Pela verdade escrupulosa demente, os pensamentos traiçoeiros lhe levaram a fugir dos tiros à queima-roupa, antes que a morte dos ciúmes lhe acalmassem as terras frondosas entaladas em quatro ripas de madeira ainda por envernizar.
Cai no asfalto, rebola no asfalto, pairando sobre as poças que a chuva se limitou, torrencialmente a regar aquele chão encharcando sua roupa, já que de molhada a sua pele ardente do roçar no chão, se limitara a incendiar os fogos do desespero. Não demora muito e as poças de límpidas e calmas águas advindas dos deuses do céu, gregos e romanos, egípcios e de outros povos quaisquer, seria substituída pelo sangue que o seu corpo liberta, escorrendo da cabeça, dos ombros, das costas, das coxas.
Talvez sejam as pagas pelos medrosos sentimentos, veneno letal que deixou queimar e cirandar as penínsulas dos seus receios, não ilustrando as paisagens dos seus sonhos e das suas vontades, cercando as armaduras que julga ele, a proteção do seu presente pelo passado embrulhado em paninhos de seda engavetados nos baús das avozinhas que atirou as chaves para longe e não dali, o querer hoje se lembrar por que motivo temeu o regresso desse passado sobre a presença do presente e que de malditas farsas lhe custearam as dores de ninfas das esquinas lhe deram ao largo as tesões prometidas em trocas por engenhos de alguns materiais cheques que dos velhos do restelo, lhe causaram os medos e lhe empurraram para o fundo dos oceanos em que ele se enfiara numa ancora e o manteria preso bem às tormentas da vida que se encantou nos cantos das medusas sereias inspiradoras do seu órgão.
Não temeria mais ele elas flores. As suas inafundáveis e questionáveis mortes existencialistas lhe negavam os líquidos dos altares em que ele sucumbia os palatos dos olhares. Era um sermão dele para os ouvidos tendenciosos a amordaçar os silêncios mal cheirosos das oratórias sacramentais de quem, no atar fúnebre, taciturnidade de cor roxa, fria e semblante amarelado, já larga os suspiros clementes de quem em vida, em plena vida de coração que ainda bate, foi rei e fez jus do seu poder.
Sai do carro, morto. E ponto final. As suas cirandeiras de palavras de cores e ditosas pétalas perfumadas das suas intenções pecaminosas ilustradas pelo bem, caem pelo ermo do asfalto.
Já nada lhe vale as simples tentativas de perdoar o seu próprio órgão. As vontades bélicas traições ratoeiras traíram o seu próprio ego amaldiçoando as maldiçoes da corpulenta bela doce encantadora fêmea que lhe saciou o cio, na cama deitados sobre o banco de trás do capo do carro no meio das paisagens arvoredos do mar. O som, distorcido entre os gemidos bombeados pelos corpos, e as ondas do mar que se esbatiam em plena sinfonia arcaica do despachar das roupas, depressa se argumentou nas tesões das trações, refrigerando os motores, dele do órgão, dela da carteira, e se prostituíram nas verdadeiras intrínsecas sacramentais, litúrgicas, divindades, relacionais corpos do sexo e do amor.
E agora, o chão que estremece no rompante da aurora da sua morte insensível dor que lhe atroz as almas que voam rumo ao roteiro do inferno, as chuvas não lhe abençoam as suas tentativas de perdões. Os cordões do diabo lhe atiçam faíscas lhe encaminhando sobre as sinaléticas cordas de ferro aprisionadas às asas da sua garganta e lhe levam, às fomes, da lenha que arde no vulcão que tantas vezes ele ambicionou no corpo da outra.
O enxofre, adorado o perfume nos corpos, lhe suga as narinas, lhe escrupuleando os corpos, sobe ele as montanhas, cavalga ele no rio, retira o perfume das pétalas e rapta o pergaminho das histórias mais ternurentas das paixões conquistadas pelas divindades dos seus olhos. Amou, por certo, ele, a única mulher que lhe acrescentara o súbdito prazer do seu corpo humano animalesco do seu cérebro. Crucificou ele, todas as conquistas nas cuecas espalhadas pelas masturbações a duas mãos e a duas bocas sobre as irreais fantasiadas nos seus espelhos, que dos nada, um conjunto de vazios ele guardou.
A única mulher.
Que ele amou
Amou.
Traiu-a mal os seus olhos cantaram as três vezes e ele negou as paixões, os fósforos que acendiam galopantes tentações irresistíveis certezas que não aguentaria fugir dos rumos traçados caminhos retos retilíneas fronteiras de não sucumbir nos leitos das mamas que lhe apenas alimentavam o vazio de sentimentos.
Fodeu. Perdeu-se de novo nos escombros assombrosos das noites negras. Ele próprio se tornou negro e intimo dos raios e trovoes experimentando os lumes quentes e as velas acesas dos corpos em que os pavios se acendem, num instantinho, ao fim, de um olhar, no balcão, do copo, da música que dança nos convites de em tua casa não, mas no hotel serei tua. Leva-me e calça o preservativo explosivo dos balões que sobem no ar e não encontra as estrelas.
Fodeu, é certo… mas que adianta foder o sexo se o sexo não o levou, nem a leva às estrelas. No máximo, o leva à libertação de alguns fluidos orgânicos, o esperma que bem espremido lhe serve para um nada de um todo que mal realizado o coito lhe dará frutos de um filho e a ela, lhe trará por ventura, algum repasto monetário aos seus seios, carteira preferida de quem por estes caminhos se insurge nas tentativas de frustrar alguns ansiolíticos depressivos pelos caminhos das irretidões.
E agora o chão das suas palavras e das suas afeiçoes não lhe atraem mais razoes de vida. O balázio prometido lhe matou desfigurando mais do que as mil razoes. Suicidou-lhe o homicídio por ele mesmo criado.
Desventrou mais do que o corpo, da única mulher. Da única fêmea que lhe causara o despreendimento do sexo e lhe limpara as chagas das mãos humanas ressuscitadas sobre as cruzes deitadas por terra e enfiadas nas romãs dos pomares servindo de esteio aos canaviais e aos pés de feijão na esperança, que o feijoeiro crescesse e o levasse ao purgatório podendo então limpar a sua alma.
Mas não.
Sucumbiu.
Tesão da traição. Traição pela tesão. Tesão, seja lá o que isso for. Foi o seu caixão doentio que lhe abriu as portas, se lhe abriu a tampa da cova, e ele mesmo, coveiro sepultou em marcha fúnebre silenciosa, tenebrosa e horrenda aos olhos das larvas que já preparavam a mesa do altar com o corporal estendido, a patena no lado direito, o cálice do lado esquerdo e a píxide no centro. O sanguinário a servir de guardanapo e a assembleia aspergindo o incenso purificando o alimento que os irá saciar, o corpo do homem que se fez traidor, judas.
E se enterrou. Os seus olhos, foram imediatamente retirados pelo bisturi do sol. Fechou-se as cavernosas deambulantes olheiras que jamais alguém o observara com tamanha vontade de um aperto de mão o cumprimentar. Lamina aguçada e afiada lhe desventra a zona entre a fronte e a testa, descampando o cérebro e lhe retirando os miolos. Se ate ao momento de justas vontades de nada lhe deram serventia, não prestava para petisco. As escamas, quer dizer, o pelo, chamuscado não fosse um pentelho lhes aguçar as cavidades das gengivas e servir, talvez, de palito e lhes escarafunchar a dentadura de comerem a carne rija e dura.
Salve fome das bicharadas terráqueas, que se não fosse tal fermento orgânico da terra, desfaleceriam à fome. E mesmo assim, foi um manjar muito bem abençoado e aspergido com muito incenso e água bento e ungido com bastante óleo dos sacrilégios.
E ela, mulher, capataz das frontes, súbdita das corajosas coragens se despedaçou nas pétalas de gesso, se repartindo sobre os quatro quadrantes do mundo e se dividindo por todos os pontos cardeais existentes, refugiando-se num oceano qualquer engavetando na ostra guardando-se como pérola para na duvida, os tentáculos de outrem não lhe aspergindo redes de captura. Não a olheis, é perola, mas ferida de dores que dos olhos seus, lágrimas choradas, as flores murcharam, e as estrelas se despedaçaram causando um elemento bélico no alto ceu, rebentando bolinhas de plástico encerrando a cadeado de fio de nylon e fios de cetim, embrulhando o seu corpo em cama sua aprisionado à arma de cano pronto a disparar.
Febris traições das camas argálias ofuscadas os cheiros de poros suores frios substitutos de calores de paixões.
Ela é a única mulher que ele amou. E se proferiu nas preferências de se entregar nas putas de mamas ao léu e das freiras dos conventos das esquinas, orando as crenças mórbidas das suas injustas loucuras.
E ela, orou, piedosamente, sobre as dores dolorosas arremessadas pelos ventrículos dos seus cegos sentimentos.
Deixou-o partir. Morto. Suicidado. Sem a bala que não saiu do cano.  

 

 

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