Vinde até mim… vinde… vinde a este banquete repasto caloroso
da morte
Sopro de Lúcifer, vento de espinhos aterroriza a morte lenta
no abrigo do teu ser. Velho chifrudo cornudo pestilento assalta a benta água
pia, infundes terror, mordomo do fogo que ordenas que arda ferozmente, filho
bastardo de um Deus que não coroas com espinhos em uma morte lenta, água benta
de alho frouxo com que te imundas purificações da tua alma pestilento com a
qual devoras ao acordar na existência humana imolar.
Raios… trovoes… corujas correios sinaleiros anunciantes da
minha espada tridente ao esqueleto carnal deambulante de um raio de aventura de
tremores corporais do seu mundo que se prostra a finar após oculto sopro vem no
pesticida luminoso do beijo final pelo iscariotes escaravelho ou da serpente em
mim ordenados que te encontrem.
Pragas, praguejantes de meu medo, das minhas ordens, escaravelhos
deambulantes zombies, baratas lobisomens mortas vivas, aterrorizam essa bela
borboleta arco-íris brilhante pérola que se afunda singelamente com a caravela
que la no fundo o velho perna-de-pau lhe tratará das asinhas santas angelicais
purificadas pela impureza do meu sopro venerado.
Coveiro, coveiro, abre já essa cova, panteão final do último
juízo que te resta. Que nos teus últimos gemidos orgânicos farás companhia à
morte certa organicamente serás bem mais útil ao estrume da terra, e quando
finares à cova, perceberás que do caixão à cova é só um instantinho pouco ou
nada doloroso e, se queres um concelho, fecha a tampa do sarcófago, não te
permitas mais dor tresloucada ao teu próprio corpo.
E vocês, mortos vivos terráqueos, ousais duvidar da minha
existência, após todos os sinais que vos anunciei, ousais no tentar destruir os
ossos vitalícios, rei das carcaças, das vossas carcaças que rogais piamente nas
crenças ocultas que nos vossos olhos chorais pelo perdão, aquando a mim nunca
vós choras-te nem juras-te me seguirdes pelos caminhos insanos da minha
ciência.
Ousadia… ousadia… ouve o usar o dia porque na noite, na
negra escura noite, naquela noite que não haverá luz, naquela noite que a lua não
surgirá lá bem no alto, preparei com as minhas mãos, as minhas próprias mãos, o
festim da anarquia incontrolável, anarquia. Embebedando-vos com o meu líquido
mais que saboroso, que vos regozijará e vos ressuscitará novas vitalícias vísceras
nascendo-vos novos ossos e a meu lado, vos sentarás sobre a mesa do manjar, não
me negando conhecimento nem realeza nem que o galo canto três vezes, e
admirareis a magnitude, o poder, a irrectidão e a subtileza do meu charme e da podridão
da qual já vos afugentas-te…
Serei eu o vosso anjo, descido sobre os confins dos vossos
mundos, despojando insensatez, estupefacção e a embriaguez sobre vós,
reconduzindo o vosso silêncio ao grito de medo ecoado nos vossos ouvidos,
retirando sobre vocês a morta esperança oferecendo-vos as minhas assas
protectoras onde mora os vossos medos e os vossos terrores mais sombrios, as
vossas próprias sombras das quais teimais em vos borrar de medo pelo ânus esfincteriano
do qual não vos controlais minimamente. Falai homens, falai de mim ao vosso
vizinho que eu estou próximo, que vos tocarei com a minha faca com que abrireis
o caixão duvidoso e que vos levarei a descolar na sublevação até ao céu, onde
esse mesmo céu, esse mesmo céu, é o vosso abismo do amanha
Putas… como eu adoro, esta palavra. Putas. Ordenadas por mim
a vos levar na demanda da petrificação dos vossos “não há, ou não à tentação…”
peço-vos delicadamente pelo que vos é mais sagrado, seja um deus, um clube de
futebol, um quadro, uma mulher ou a vossa pilinha, ou o crédito bancário que
vos levará para a puta da cova, acompanhando o coveiro que lá já prepara
domesticando os bichinhos para que vos recebam com pompa e circunstancia e
peço-vos rectidão nesta vossa nova casa, para no banquete final, vos juntardes
a mim.
Vinde até mim… vinde… vinde a este banquete repasto caloroso
da morte
Velho meigo barbudo zarolho cornudo te ordeno, rasteja teus
pés seculares, caçar um sapo preto negro preto e quando ele começar a cantar o
seu garguejar, à meia noite, ata-lhe um fio norte desnorteando-lhe o sentido da
sua bússola em sua existência e lança-o sobre o ponteiro do relógio, varinha de
condão, pontuando a meia noite e três minutos, hora certa, ao caldeirão das
mézinhas, de papo par o ar, rogando-lhe tal oração:
- bichos eloquentes imundos, pelo
poder do diabo, meu mestre, a quem eu empresto a minha serventia do meu corpo e
se apodera da minha alma peço-vos que não escondais a vossa sobrevivência uma
só hora de infelicidade nesta terra, pela solstício enfadonho, e pelo sangue
jorrado negro sangue deste sapo, ordeno-vos que imploreis a vossa existência em
nome do diabo… diabo.. diabo…
Acompanhar-me-eis, sobre este negro
pasto de odores a pólvoras que vos drogará as narinas e, chegado finalmente o
divino momento dos justos, o coveiro finado vos destrancará as portas do vosso
caixão, voluptuosamente atravessareis em passos sonoras as portas do cemitério
com o ranger dos vossos ossos e das vossas asinhas, vos sentar-de-eis no monte
Sinai de pedras dos ossos dos vossos irmãos esqueletos e à luz das velas e
lamparinas de óleos sensuais lírica e romanticamente sob o toque do oboé vos
será autorizado o manjar dos mortes em fomes de nadas e o saciar a sede de todo
o sangue liquido rejuvenescedor.
Não penseis. Não. Não o fareis. O pensamento
turva os vossos passos cegando a vossa visão, pelas mil vozes que vosso cérebro
cervo vos fala alucinadamente iludido.
Acólitos alcoólicos na mesa apostólica,
infiéis divinos na garrafa purificada dos licores amedronhados tingidos pela
subtileza dos súbditos unicórnios que vos trespassa pelos ventos contornados
com tornados e brisas frescas que reconforta a paz sobre as calmas paisagens
transfiguradas, orai as vossas orações no vosso púlpito, que nestas águas
mansas, não achareis vós mais amor do que o calor cravejado pelo poder que em
mim é concebido.
(inspirado em La Chanson Noire e Mão Morta)
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