sábado, 12 de janeiro de 2013

A Morte na cultura – viva alma se nós não vimos espantar quem nos tentou assassinar.



A Morte na cultura – viva alma se não nos vimos espantar quem nos tentou assassinar.



Sou agente cultural. Não apenas na medida em que absorvo culturalmente diversos eventos e espectáculos culturais, mas também por ser influenciador em tais eventos e espectáculos, sendo um individuo repercutor do prazer de figurar em fileiras de combate com espectáculos de teatro, e mais recentemente com uma veia desentupida e com transfusão de escrita com o primeiro livro editado quase amordaçado pela obrigatoriedade exigida por amigos em o editar.

Contudo, como agente cultural que o sou a alguns anos costuma averiguar o estado em que culturalmente a nossa cultura se encontra. E lamentavelmente afirmo-o que apesar de vivermos num país fenomenal e tradicionalmente riquíssimo pela conteúdo histórico-cultural, aborrece-me ver que uns senhores doutores da mula russa se lembram de espezinhar o que de mais forte nos temos. O nosso cerne, a nossa cultura, o nosso ser. E levanto-me eu da minha cadeira, escrevendo eu em pé, refiro que não é so de cultural futebolês que o nosso rectângulo ondulado, dá cartas brilhando nas bolas de ouro e prémios europeus ou mundiais, porque nos palcos, nos cinemas, nas musicas, nas páginas, no circo de nariz vermelho, nas aguarelas, e nas modas somos reconhecidos UNIVERSALMENTE.

 Perguntem aos senhores marcianos se já não ouviram falar no nosso João Negreiros e nos nossos mais conceituados Orelha Negra. Ou então Vieira da Silva ou do Tosta Mista O malabarista. E se quiseres perguntem também aos habitantes de Neptuno, que se devem chamar suponho de Neptunianos, se não conhecem o nosso Fernando Pessoa, ou o Ricardo Reis, o Jorge Palma, ou a companhia de teatro TapaFuros, ou o Ricardo Carriço ou a Florbela Espanca.

Claro que apenas refiro nomes conceituados da cultura nacional, porque se refiro nomes desconhecidos os senhores da massa da pastelaria governamental vão ficar a saber o mesmo, mas se quiserem mesmo eu refiro. Mas porque não lhes dar um gostozinho e coloca-los a trabalhar um pouco. E não é que seja necessário muito trabalho. Basta abrir as páginas dos jornais na secção dos enfermos e ver a quantidade de entidades estão ou estarão muitíssimo próximos da enfermidade, só aguentando porque lhes foi dada a extrema unção o que lhe permite que a vontade divina do esforço, crer e amor ao que se faz os mantenha de pé. 


Sou do norte, sou do porto, sou de Portugal, mas costuma ver constantemente a nossa cultura ser aplaudida de pé além-fronteiras e ver que nas nossas planícies montanhosas aquosas fronteiras não lhe é dada o devido respeito. Sim, o devido respeito. Porque uma coisa é dar-lhe a devida importância, mas outra coisa é o respeito. Respeito aos artistas, respeito aos trabalhos e acima de tudo, respeito ao que tradicional culturalmente nós somos enquanto portugueses.

O mal do português é que se prende demasiado aos históricos nomes. Camões, Gil Vicente, Eça, Vasco Santana e tantos outros nomes que toda a gente conhece e admira tal como eu admiramos e respeito o trabalho deles. Mas esquecemo-nos do que é produzido recentemente.  E mais de que esquecer do que é (re) produzido recentemente é esquecer de apoiar projectos valiosíssimos que são implementados. 


Não posso falar em meu nome obviamente pois seria extensivamente extenso, apesar de que, não ter muita razão de queixa de alguns projectos que implementei ou criei, (a maior parte deles também eram a custo zero e em redes informáticas) e nos que houve financiamento tive bons mecenas.

Mas entristece-me profundamente ver que, projectos de valor não tem a devida divulgação, ou o devido brilho no que a respeito toca. Centro-me em dois projectos musicais, como dando u pequeno exemplo. 


A Balkony Tv, um conceito musical original de “Music With A View” surgiu em 2006 em Dublin quando um grupo de amigos decidiu filmar actuações de projectos musicais na varanda do seu apartamento. Publicaram os vídeos no Youtube e o seu impacto foi viral. Assim surgiu a BalconyTV.
Actualmente, a BalconyTV é produzida em mais de 30 Cidades espalhadas pelo Mundo, conta com mais de 7000 vídeos arquivados e já ultrapassaram os 35 Milhões de visitas.

Reconhecida por várias publicações, como o The Guardian e a Next Web, a BalconyTV é um canal premiado com um Webby Award e um Lovie Award - este ultimo prémio ganho em 2011, onde foi consagrada como o melhor canal de musica em plataforma online da Europa.

Algumas bandas nacionais já têm participações pelos cantos de diversas varandas mundiais, como por exemplo Velha Gaiteira na América com um enorme espectáculo. Em Portugal é reproduzido essencialmente em Lisboa e no Porto/Gaia.  

Este conceito já deu grandes nomes ao panorama nacional, como Samuel Uria, Pedro Jóia ou os Kumpania Algazarra.


Um dos outros projectos em que me centro é o AMPGDP, ou traduzindo A Musica Portuguesa A Gostar dela Própria. E aqui há que ressalvar o projecto criado e elaborado pelo Tiago Pereira que se constitui objectivamente por Celebrar a maravilhosa variedade da música portuguesa, Trazer a música para a rua, Divulgar a música portuguesa e o autor português, GOSTAR da música portuguesa e aumentar-lhe o ego. Este é um dos projectos que mais tenho acompanhado pela celebridade alegre com que os mentores e organizadores tem realizado buscando sonoridades e ritos e falas tradicionais portuguesas “do arco-da-velha” e dando lugar a novos projectos. Contudo pouco se tem apoiado e divulgado ficando-se resumido quase e apenas às diversas redes sociais que existem.

Outros mais projectos se poderiam referir, contudo temo, na minha saúde mental de agente cultural imperfeito, qu mal acabe de os anunciar já não tenham sentido a enfermidade pelo sem termino do juízo final que por acaso, só mesmo por acaso, já muitas das companhias de teatro e de outras componentes artistas já sentem a falta precoce ou preconceituosa de falta de apoios estatais à sua manutenção.


Ok, está tudo muito bem, muito bonito e muito lindo, é necessário dar uso à criatividade e arranjar novas formulas químicas de se vingar artisticamente com parcerias entre entidades, por exemplo, ou então em solução mais eficaz, pode-se sempre aumentar simbolicamente, sublinho simbolicamente, o custo de entradas para um concerto, para um espectáculo de teatro, para uma exposição, para o circo ou então para a compra de um cd, para a compra de um livro ou para a comprar de algo religiosamente que um individuo se emaranhasse em teias de aranha só para o poder ter ou ver. Mas com o graveto, chillim, pilim, cacau ou dinheirito a escassear no bolso de flanela preso nas ceroulas, já é demasiado escasso, não há dinheiro para adquirir esses títulos e como tal, não há dinheirinho a entrar no bolsinho das tangas, do actor, do músico, do compositor, do pintor ou do triste alegre palhacinho.


E ali acima, algumas linhas acima referi e sublinho os termos, falta precoce ou preconceituosa de apoios estatais, porque os nosso queridos e adorados engravatadinhos preferem investir o tusto na tosta que já não queremos comer, porque eles já não nos deixam comer, nem sequer cheirar.

Olho para a minha companhia de teatro e para os trabalhos que tenho elaborado no âmbito literário, que não são nada de importantes mas tem o seu devido empenho, amor e dedicação ao que é feito porque é implementado com um sentido, e não atribuo prazer ao que faço so porque tenho que fazer mas sim porque adoro o que invento. 


Lamento profundamente, ver companhias artísticas com nome no universo cultural do Porto, sujeitas a ter que encerrar os seus projectos por falta de verbas, porque o dinheiro numa corrida de carros é muito mais importante. Revolta-me ver que 870mil euros que se destinavam a eventos culturais no Alentejo desapareceram e ninguém se deu a levantar o rabo da cadeira e averiguar onde se enfiou a porra do dinheiro. 


Já chega de hipocrisia estatal. Quero a Revista típica portuguesa nos palcos com pompa e circunstância, quero os músicos apoiados e na ribalta, quero os pintores com apoio para poder expor os seus trabalhos sem ter que expor o seu dinheiro para expor os seus trabalhos, quero as companhias de teatro do porto com o investimento que merece, quero aplaudir os fantásticos projectos reconhecidos la fora a serem reconhecidos lá dentro


Quero o que é nosso,


Quero a nossa cultura


Quero sentir a cultura portuguesa viva


Não a matem e muito menos a enterrem. Porque em espirito, viva alma, a nossa que irá assombrar no palco de quem nos tentou assassinar.

2 comentários:

  1. Não, não quero esse tal de estado a financiar essa tal de cultura. Apoio qualquer forma de expressão cultural que disso considere merecedora, mas a título pessoal. Não exijo e muito menos OBRIGO quem não queira a apoiar aquilo que eu apoio. Há para isso um nome: tirania. Vade retro.

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  2. Cansei de ver projectos de vaor sofrerem a extrema unçao de quem por demérito achou digno retirar os apoios à cultura. sinto que cada vez mais se centraliza o cifrão do euro em coisas banais em coisas que realmente deveiam fazer sentido, especialmente no que a nós, portugueses, tradicionalmente faz sermos ainda dignos de ser chamados de portugueses.

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