Nos ladrilhos das calçadas deste
mar, vivo o lume de um fogo nunca antes apagado. Fusão de àgua e fogo, teus
lábios e meu corpo. Harmonia kriptónica alimentar deste nobre sentimento de nos
fundirmos em aço de algodão branco, voando, nas levadas àguas descobertas em
luz tua.
Norte. Esta nossa bússola, corpo
despindo em mim teus olhos cores. Cores, despertas da tua pele habitada em mim.
Forças dos hábitos momentos vividos
nas resilientes guerras do anjo negro de nos querer distânciar.
E os pássaros, voam. Nas canetas
desta mão que te toca nos silêncios dos teus suspiros.
Voltamos ao cruzamento da
continuidade. Estes trilhos, reluzentes, dos reflexos dos nos nossos olhos.
Criamos o apocalipse em cada beijo
roubado nas esquinas do vislumbre. Os jardins das estrelas que
escrevem…secretamente as nossas epifanias, os nossos evangelhos. Raptamos os
sonhos, damos-lhes a real realidade. As areias que movemos sobre o nosso
deleite acto de amar o sexo fluído em orgia dos nossos corpos em comunhão do
altar com as sombras das nossas fantasias mais loucamente apaixonadas.
Requesitamos o poder do universo. As
forças do divino, o cálice da água purificadora, este suor que emanamos os
perfumes do nosso próprio ser…
Reinamos no nossos castelos.
Profetizados e evangelizados nas catedrais das nossas bocas. Construímos,
castelos e catedrais. Reinamos sobre as divindades e sobre os fieis que se
espantam ver o nosso amor viver em nós.
Construímos caravelas. Saqueamos o
ar, o fogo, a terra e o vento. Em seu lugar, deixaremos apenas o mais perfeito
beijo dos nossos lábios. O mais perfeito tesouro.
As flores, as flores, as flores,
ganham novo fulgor…vida. Compõem harmonia sobre o doce produzido pelas abelhas.
Esse doce tão azedo, comparativamente a cada teu beijo sugado em meus lábios. És,
diva, sim divinamente um monstro aos olhos luciferianos, em mim, és deusa. Um
maravilhoso ser em que, ajoelhado, venero as minhas orações no ambão do teu
ser.
Que partitura esta, a poesia
clássica de wagners e betthowens que cirandam nas citaras da tua voz. A
metalizada orquestra dos baús encandescentes dos tempos de um ontem, que nos
relembra do quão rochoso foi esta nossa peregrina caminhada.
Os ventos celestes de um extenso mar
Nos somos organicamente raízes
As viuvas ruelas que se casam a nossos pés
As mãos que nos olham nos olimpos
Meridianos mares que ancoram a nossa
liberdade.
Abordamos
uma vez mais as centelhas de fogo das flores. Os olhos que Da Vinci nos pintou,
nos são insalubres nas cores mais majestosas destas flores coloridas da alma
nossa que explode nas furnas do corpo, onde temperamos, os ponteiros do tempo
nosss calendários mais agnósticos das intemporalidades que vivemos. Somos o
tempo, a deusa das solicitudes dos olimpos em que autorizo, as autorizações
divinas de observarem nas ombreiras das janelas, com os semblantes alegres ao
passear sedutor nas ruas das saudades. Nos vistam, e nos encantem. As vossas
cordas de guitarra nos musicalizam o silêncio.
Não me
perturbeis. Deixai-me acordar nos sonhos da tua mão. Esse ombro que me embala e
me ampara. Casulo, ventre, eu criança no dorso do teu leito.
Pegadas escritas
nas folhas do tempo passado que nos foi lealmente companheiro. Somos nós de
nós. Amantes predilectos do tempo. Lhe falamos no silêncio. Dos ecos. As enamoradas
palavras que nos conjugam verbos, adjectivamente articulados nas antiteses dos
nadas.
Somos nada.
Um cosmos conjugado nos tudos. Nos todos. Povoamos estes ossos que coincidem
com o amor. Vértice desta verticalidade emotiva do nos sabermos eu em ti e tu em
mim.
Faremos nós,
as revoluções. Os abris de todas as seduções. E nas armas, assinalaremos,
nossos corpos nús. Estatificados, em pétalas vermelhas, amarelas, brancas,
vivas cores vivas. Comeremos nêsperas. Porque haveremos de saciar a fome, nos
pomares, degustaremos o sabor doce da nêspera em lábios de sumos.
Penetramos
no silêncio. Da noite. O gemido invisivel, iluminado por centelhas de fogo. Pirilampos,
candeias e grilos. Compondo o mais belo espectáculo da nossa festa…
Comunguemos,
neste extenso mar. Onde nos amamos. Onde nos fomos ser. Onde nos fomos a
unidade corporal. Onde fomos nós…onde fomos amor.
E se não
mais hoje, houver um amanhã, por de certo, saberemos que eliminamos todas as
leis do universo.
Movemos todo
o universo em nosso redor. Fomos magos, feiticeiros e até mesmo oráculos. Fomos
impios e até mesmo sofredores. E aqui nestes meandros estrelares, dos nossos
olhos, derretemos todos os gelos das muralhas, por ceifeiros construídos, no
trigo doirado do teu cabelo, nos encontramos em felicidade embebida em nossos
cálices.
Assim nos
faremos nós,
Vidas expostas
à felicidade de nos sermos comunhão, corpo e sangue do nosso uno ser.
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